segunda-feira, 26 de junho de 2017

Major da PM é tratado pelo seu próprio nome, na cidade onde faz POLÍCIA INTELIGENTE


Em recente postagem em sua página no Facebook, o irreverente major Marcelo Ribeiro, da Polícia Militar do Pará, anunciava que tinha sido chamado pelo próprio nome, nas ruas de Dom Eliseu-PA, cidade onde está localizada a sede da 21ª Companhia Independente da PMPA.

POLICIAL ARTICULADO
Na foto, Marcelo Ribeiro ilustra o instante em que pessoas da comunidade o abordaram para falar sobre a segurança no município.
O major Marcelo é um oficial muito articulado com a comunidade onde trabalha. 

TRABALHO EM SANTARÉM
Esse seu modo de conduzir o sua atividade no policiamento, ele demonstrou com maestria quando, a meu convite, foi comandar a Companhia de Policiamento que fica localizada em Santarém-PA. Era 2007, ano em que eu comandava o 3º BPM e tinha como subcomandante o diligente major Risuenho.
Na época, eu precisava mostrar como essa proximidade entre a polícia e a comunidade poderiam mudar a concepção de construir Segurança Pública e de tabela tornar as pessoas partícipes desse processo.

 ATIVIDADES INTERATIVAS MOBILIZARAM A SOCIEDADE
Colocamos no ar um programa de rádio semanal (Estação Segurança), na Rádio Rural de Santarém, fazíamos o Paradão no Bairro (espécie de Sete de Setembro fora de época), com saturação do efetivo policial no bairro e interatividade com os estudantes locais e com as lideranças comunitárias. 
Além disso, personificamos o PMzito, para atrair a atenção de crianças e adolescentes, fortalecemos o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), com policiais trabalhando exclusivamente nessa atividade.
Reestruturamos o Grupamento Turístico e o Policiamento a Cavalo (com o então tenente Icassatti). Recebemos uma Lancha de Ação Rápida, que deu mais dinamismo ao nosso GTO (Grupamento Tático Operacional), que era comandado pelo então tenente William.
Fizemos, com apoio da Senasp, dois cursos nacionais de Promotor de Polícia Comunitária.
Dividimos a cidade em cinco setores de policiamento.
Criamos o policial referência em cada setor e tínhamos ainda as líderes comunitários referências para lidar com os policiais da área.
Estabelecemos parceria com todas as instituições de Segurança Pública, notadamente com a Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Centro de Perícias Científicas, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Tínhamos até parceria com a Delegacia Fluvial da Marinha do Brasil, com quem fazíamos operações conjuntas nos rios da região. Nosso trabalho tinha estreita relação de parceria com o Exército Brasileiro, através de seu 8º Batalhão de Engenharia de Construção, com apoio recíproco em nossas atividades.
Orientamos a criação de dois CONSEGs (Conselho Comunitário de Segurança e Cidadania), que muito nos ajudaram a identificar os problemas locais.

REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE
Esse trabalho que exercita muito a criatividade, mudança gerencial e nos orienta à resolução de problemas, é - sem dúvida nenhuma - o melhor caminho, porque tem legitimidade, apoio e participação da população e dá resultados.
O número de homicídios em relação a 2006 caiu de 69 para 49 homicídios e o número de roubos despencou em 38%.
Não houve registro de nenhum golpe da saidinha e de nenhuma ocorrência de roubo a banco, no ano de 2007.
E o sucesso de nossa passagem em Santarém, claro, não se deve unicamente ao trabalho da Polícia Militar, mas ao conjunto de ações integradas, sob a compreensão de que os bons resultados só poderiam ser atingidos com a união dos esforços das instituições e da sociedade.

VITÓRIA
Um dos grandes prêmios que recebemos foi saber que esse modelo de atuação, após a minha saída e já no comando de meus sucessores, obteve o reconhecimento da Revista Veja que considerou Santarém a cidade mais segura do Brasil, dentre as cidades de 200 a 400 mil habitantes.

DOM ELISEU
Ao ver a foto de Marcelo Ribeiro de mãos dadas com pessoas simples de Dom Eliseu, trouxe-me à mente a nossa passagem por Santarém e região, já que o major também comandou a Companhia Independente de Oriximiná, com extremo sucesso.
Isso nos leva a concluir que a comunidade precisa conhecer o policial que atua na sua comunidade. Quando isso acontece, há um efeito muito positivo. Essa relação personalizada se fortalece quando o policial também chama o cidadão da comunidade pelo seu nome. Percebe-se, neste caso, o estabelecimento de uma relação de confiança que é extremamente importante para o estabelecimento de um modelo personalizado que não permite atos de desvios de conduta policial (e nem do cidadão) porque está instalado, automaticamente, o controle social. Assim, a prática da corrupção ou concussão diminui ou é eliminada daquele espaço e o resultado disso é que a comunidade, por ter confiança na sua polícia, vai se aproximar cada vez mais e denunciar com segurança, pois haverá um compromisso recíproco, que chamo de cumplicidade comunitária.
Aproximar-se da comunidade e obter informações sobre seus problemas e sobre suas dificuldades é INTELIGÊNCIA PURA.
O interessante é contar isso aqui e o cidadão perguntar: mas se isso dá certo, por que não é espraiado em toda a polícia?
E uma outra coisa que me deixa indignado: o trabalho inteligente da Polícia de Proximidade não é a regra nas instituições policiais.
Mas, toda vez que um governo quer mostrar que "é parceiro da comunidade, sob o discurso de servir e proteger a sociedade", ele se socorre das atividades de uns poucos policiais que, pontual e heroicamente, ainda dão orgulho às nossas instituições.
Mas, infelizmente, ainda contamos nos dedos das mãos (e só das mãos) os policiais que fazem (com muita resistência de seus pares e superiores) uma POLÍCIA INTELIGENTE, LEGÍTIMA E PROTETORA DA SOCIEDADE.
É o sistema.

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